sexta-feira, 15 de março de 2013

NOS TEMPOS DA ÉGUA


              Remexendo no baú das lembranças , encontrei um CD autografado e dedicado a meu pai da extinta Égua Russa, banda que existiu no final dos anos 90 e início dos anos dois mil. Me veio logo a mente tamanho apreço que tenho por tal banda que significou tanto no meu universo juvenil e para tantos outros jovens e adultos tão carentes de uma música de estilo não somente rock, mas que falasse realmente de nossa realidade local (Russas-CE).
Perpassando por paisagens secas floridas de carnaubais, com linguajar e costumes matutos assim era a música da Égua, retratando bem o cotidiano do nosso povo que não é só sofrido como mostra na tv, mas que tem seus valores, suas raízes, sua tradição e um português bem particular. E ao ouvir as descrições dos locais nas letras das canções, eu, adolescente, no auge de minha rebeldia hormonal, cantava “Caiçara tomara que você, seja ainda um polo de lazer pra essa gente que ainda vai crescer” meio que como um grito de reinvindicação para que houvesse uma melhoria e revitalização da região da lagoa da Caiçara no município de Russas.
Até então ouvindo Iron Maiden, Scorpions, Pink Floyd, RPM, e os mais próximos de minha realidade local como Zé Ramaho, Alceu Valença, Fagner, Acauã e Ton Canhoto, sentia falta de cantar algo com sonoridade mais agressiva que minha adolescência pedia. Então, quando ouvi a banda, que surgiu de amigos de meu pai e que estes eram quase meus tios artísticos, logo aquelas músicas se tornaram, pra mim, vários hinos que cantavam nossa terra, nossa gente, eu mesmo, como ser desse sertão, pois sempre que é tempo de chuva e esta não vem, lembro do “Pote na Biqueira” e do “Carro Pipa” que sempre socorre aqueles que sofrem com a falta d’água neste sertão. E as éguas que tantas vezes foram lavadas nas águas do Riacho Araibú e Lagoa Caiçara, e o barro que tiraram deles causando grandes degradações ambiental e que não passavam despercebidas nas composições de Aroldo Ramos, Paulão, Jonas e Sadinoel.
Mas “o Inverno era pesado com relâmpo e trovuada” e a banda passou por momentos tensos com a saída de Aroldo. E eis que das brenhas de São Raimundo de Limoeiro do Norte, veio dá o gás que faltava, assim como caldo de feijão com rapadura (energético típico do sertanejo), Talvanes Moura assumindo o vocal e incrementando o instrumental da banda com triângulos, pandeiros e flautas.
A banda ficou conhecida em toda Região do Vale do Jaguaribe e em outras partes do Ceará e Brasil. Participou de vários festivais da nossa Região e eu como fã, sempre que podia, estava lá apreciando o som daqueles desbravadores do Sertão Rock.
Infelizmente, o que é bom dura pouco. No entanto, as músicas da Égua Russas serão imortais para todo o povo russano, jaguaribano, sertanejo e porque não dizer brasileiro, pois está gravada nas músicas parte de nossa estória, do que somos e o que nos caracteriza seres deste sertão tão rico que anseiam desde de um copo de cachaça na praça da matriz “esperando a missa terminar, pra saber das menininhas de calcinha coladinha onde é que forró vai truar” até ser uma banda muito famosa de rock que cante em todo lugar o seu lugar!  


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Sobrevivência






Por, Otton Natashe.

7 comentários:

  1. Égua Russa foi uma banda excelente que merecia ter continuado nos brindando com suas excelentes canções. A música "O pote na biqueira" tem um riff tão marcante quanto ao dos grandes clássicos de rock que fomos educados musicalmente ouvindo. Parabéns pelo post e fico feliz que disponibilizou as músicas para que mais pessoas possam escutar essa banda, que na minha opinião, foi uma das melhores que passou pelo cenário rock do Vale Jaguaribano.

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  2. Grato a participação Thiago Chaves

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  3. o que houve com a nossa cena rock local???

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  4. Alguem disponibiliza um, link válido para baixar os albuns

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  5. Tenho uma historia interesante sobre a banda!...Edisio da Digimpress...foi o responsável pela incluçao da localidade Ingá, na letra "Anjinho"...antes era cantada a palavra "Capitá"...era um dois primeiros ensaios da banda!...na casa do Sadi...e nois estavamos todos la!

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  6. Tenho uma historia interesante sobre a banda!...Edisio da Digimpress...foi o responsável pela incluçao da localidade Ingá, na letra "Anjinho"...antes era cantada a palavra "Capitá"...era um dois primeiros ensaios da banda!...na casa do Sadi...e nois estavamos todos la!

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